Em todo o mundo, as queimadas em regiões de vegetação do tipo savana – como o cerrado brasileiro – geram grandes quantidades de emissões de gases de efeito estufa. Mas o gerenciamento adequado dessas áreas poderia reduzir de forma eficaz as emissões, indica estudo de pesquisadores de uma organização não governamental de conservação da natureza.
Segundo o estudo, a savana ocupa 20% da superfície terrestre, abrigando a maioria dos animais e 20% da população mundial. É o tipo de vegetação naturalmente mais propenso à ocorrência de incêndios. Entre 1997 e 2016, estimou-se que as emissões anuais produzidas pelas queimadas somaram cerca de 8 petagramas de CO2 (1 Pg equivale a 1 bilhão de toneladas), sendo que 62% delas, quase 5PgCO2, provenientes de savanas.
Como todo ecossistema terrestre, as savanas tanto sequestram carbono da atmosfera quanto emitem gases de efeito estufa. Calcula-se que as savanas gerem um volume de emissões maior do que a quantidade de carbono sequestrado, contribuindo, dessa forma, para o aquecimento global. Calculou-se que, em 2014, as emissões das savanas corresponderam a 6% das emissões globais da queima de combustíveis fósseis.
O gerenciamento da temporada de incêndios havia sido proposto como uma das medidas de mitigação do aquecimento. O primeiro projeto foi realizado na Austrália, levando a uma redução média anual de emissões de quase 38%.
Os pesquisadores investigaram se a metodologia implementada na Austrália poderia ser extendida a outros países ao redor do mundo. Para tanto, estimaram a área queimada e a quantidade associada de emissões das diversas regiões de vegetação do tipo savana.

A estratégia do projeto australiano consistia em queimar intencionalmente as áreas de savana no início da estação seca. Nessa época, os incêndios tendem a ser menores e menos intensos, provocando menos emissões. Dessa forma, o projeto diminuiu a ocorrência de queimadas no final da estação seca, que eram geralmente maiores em intensidade e escala.
Os pesquisadores sugeriram que a mesma estratégia poderia ser aplicada em outros 37 países, trazendo uma redução das emissões globais de gases de efeito estufa das queimadas de savana. Foi estimado que a redução seria de 39% em comparação com os níveis atuais.
Entre os países incluídos no estudo, 29 estavam localizados na África, 6 na América do Sul – entre eles o Brasil, além da Austrália e de Papua Nova Guiné.
O gerenciamento de incêndios é uma atividade extremamente complexa, ressaltou o estudo. Ainda assim, ela pode contribuir de modo relevante na mitigação do aquecimento em países com extensas áreas de savanas propensas às queimadas.
Mais informações: Emissions mitigation opportunities for savanna countries from early dry season fire management
Imagem: Flickr/ Otávio Nogueira