Muitas espécies de regiões da África e da Arábia enfrentam risco de extinção antes de 2050 devido ao aquecimento global. Espécies endêmicas de mamíferos podem entrar em colapso, sugeriu estudo de pesquisadores de universidades da Alemanha.
Segundo o estudo, o mundo atravessa atualmente um processo de extinção em massa da biodiversidade. Estima-se que a cada 20 minutos uma espécie seja extinta. Sem medidas de conservação efetivas, até dois terços das populações de vertebrados podem desaparecer até 2020.
Dois principais fatores contribuem para a perda de biodiversidade: a fragmentação do habitat e as mudanças climáticas. A resposta de cada espécie às mudanças climáticas depende de suas características ecológicas específicas.
Entre os aspectos que elevam a vulnerabilidade da espécie, incluem-se uma restrita faixa de distribuição, uma limitada capacidade de dispersão, o alto nível de especialização e o baixo desempenho reprodutivo. Assim, a avaliação de impactos demanda estudos empíricos em escalas mais locais.
Existe um bioma que tem sido negligenciado pela ciência, ressaltaram os pesquisadores. Trata-se do bioma de deserto quente, estendendo-se entre o Saara ao deserto da península arábica. O bioma abriga uma comunidade única de fauna e flora, muitas delas endêmicas e adaptadas às condições climáticas extremas.
O estudo investigou o estado de conservação e os padrões de diversidade d 107 espécies endêmicas de mamíferos da região do deserto da África e Arábia. Através de um modelo computacional de distribuição de espécies, explorou-se os pontos com maior biodiversidade no presente e os possíveis impactos da alteração do clima.
Para projetar os possíveis impactos sobre a biodiversidade, os pesquisadores adotaram o cenário de altas emissões de gases de efeito estufa. As projeções consideraram as futuras mudanças previstas para os anos 2050 e 2070.

Muitos dos mamíferos endêmicos do deserto da África e Arábia irão registrar uma elevação do risco de extinção no futuro imediato. O estudo sugeriu que aproximadamente 17% das espécies avaliadas poderá ser extinta até 2050 no cenário de altas emissões de gases de efeito estufa.
Atividades como a modificação dos padrões de uso da terra, surtos de doenças, a pressão humana, entre outras, tenderão a amplificar o alto risco de extinção da biodiversidade do deserto.
Os pesquisadores recomendaram a implementação de medidas urgentes de conservação. A recuperação de habitats, a contenção de ações degradadoras, e a expansão das áreas protegidas constituem algumas das opções.
Além disso, é fundamental limitar o aquecimento global pela eliminação das emissões humanas de gases de efeito estufa. Dessa forma, será possível fazer a biodiversidade do deserto da África e Arábia menos vulnerável.
Mais informações: Soultan, A., Wikelski, M., & Safi, K. (2019). Risk of biodiversity collapse under climate change in the Afro-Arabian region. SCientifiC REpoRtS, 9(1), 955.
Imagem: Figura 1 do estudo – mapa do bioma deserto seco da África e Arábia